Nos últimos dias, o Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foram alvo de uma série de ataques de negação de serviço (DDoS) conduzidos por um grupo de hackers que se identifica como brasileiro. O ataque, amplamente reivindicado nas redes sociais, envolveu perfis como @azaelx64, @diparisx86, @IlasanKurosaki, @AnonymousVene10, @AnonGTReloaded e @nel00d, todos associados ao coletivo Anonymous e conhecidos por realizar campanhas contra instituições governamentais.
Esses ataques são uma retaliação à recente suspensão do tráfego da rede X/Twitter no Brasil. Além das instituições governamentais, escritórios particulares da família do presidente do STF, ministro Alexandre de Moraes, também foram alvos da ofensiva. As ações mais agressivas, incluindo os ataques contra o STF e os escritórios do ministro, foram atribuídas a um grupo de hackers que inclui os mesmos perfis mencionados, com a adição de @kaliot_fvck, demonstrando a extensão e o grau de coordenação do grupo.
O hacker identificado como @azaelx64 tem um histórico de ações cibernéticas controversas. Seu perfil foi criado em abril de 2024 e, desde então, ele tem assumido a responsabilidade por diversos ataques de DDoS contra universidades brasileiras, como forma de protesto contra a falta de ação em casos de assédio moral e sexual. Um dos ataques mais notáveis realizados pelo hacker foi a derrubada de 40 sites do governo da Paraíba em janeiro deste ano, além do vazamento de dados confidenciais atribuídos ao ministro Alexandre de Moraes em abril.
Essas ofensivas não são uma novidade na trajetória de @azaelx64, que já participou de ataques contra o governo da Venezuela em conjunto com o perfil @AnonymousVene10, um grupo do Anonymous vinculado ao país. Outros ataques recentes liderados pelo hacker atingiram o judiciário de Alagoas, a Prefeitura de Porto Velho e diversas instituições acadêmicas, incluindo a Universidade de Ponta Grossa e universidades estaduais e federais de Roraima.
@azaelx64 também se identifica como integrante do coletivo Anonymous e tem o hábito de deixar mensagens marcantes durante seus ataques. Uma dessas mensagens foi publicada após o ataque à Prefeitura de Porto Velho, onde ele deixou claro o seu descontentamento com as instituições públicas e a determinação em buscar mudanças substanciais no governo. Abaixo, a íntegra da carta deixada pelo hacker durante esse ataque:
“Prezados, quem vos fala é Azael, Hacker do Coletivo Internacional Anonymous.
Em busca do estabelecimento de um governo eficiente e de uma justiça verdadeiramente justa, vimos por meio desta comunicar que tomamos a iniciativa de derrubar os portais governamentais. Essa ação tem como propósito alertar a todos sobre as transformações necessárias para o benefício e bem-estar da população.
Nós, cidadãos comprometidos com a busca incansável por equidade e progresso, não podemos mais tolerar a ineficiência e a falta de transparência que têm permeado as instituições governamentais. É imperativo enfatizar que não pouparemos esforços até que todas as mudanças substanciais sejam efetivamente implementadas em prol dos direitos e interesses do povo.
Façam-se notar em nossas palavras, pois estamos decididos a lutar incansavelmente por um futuro melhor. Esta é a nossa manifestação de descontentamento e um chamado enérgico para que ações transformadoras sejam tomadas de imediato.
Portanto, alertamos que quaisquer tentativas de reverter nosso movimento serão interpretadas como uma afronta direta à nossa causa legítima. Estamos preparados para enfrentar as consequências que possam advir dessa resistência, pois nossa determinação em promover um governo mais justo e alcançar uma sociedade mais igualitária é inabalável.
Chegou a hora de encararem a realidade e de agirem de modo apropriado diante dos anseios daqueles que confiaram em vocês para zelar pelo bem-estar coletivo. A negligência não será mais tolerada e a complacência não será uma opção para nós.
JusticaPorJessica
Atentamente,
Aqueles que nunca se calarão,
Anonymous“
A mensagem de Azael reflete a postura ideológica do grupo hacker, que acredita estar lutando contra um sistema ineficiente e injusto. A retórica do hacker é clara: eles continuarão a realizar ataques até que mudanças substanciais sejam observadas. O uso de ataques cibernéticos como uma forma de protesto, especialmente contra governos e instituições, vem crescendo nos últimos anos, especialmente em campanhas ligadas ao coletivo Anonymous.
Diante dos ataques, a Polícia Federal abriu uma investigação para apurar os responsáveis e entender a extensão dos danos causados, especialmente no STF e nas outras entidades governamentais envolvidas.